sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Incêndio quase acaba em tragédia para alunos e professores

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Um eletricista que passava pelo local afirmou que se as chamas atingissem o transformador localizado logo acima do incêndio uma grande explosão seria inevitável

 
Na manhã de ontem por volta das 11 horas da manhã um conjunto de quatro olhões da CEA, instalados em um poste em frente ao Colégio Objetivo, no bairro Jesus de Nazaré, começou a pegar fogo. De imediato todas as crianças que estavam na escola foram retiradas do local. Houve muito tumulto e desespero dos alunos. As salas de aula ficaram tomadas pela fumaça e os estouros do poste eram capazes de ser ouvidos a metros de distância.

A agilidade do inspetor de alunos, conhecido como Mauro, foi o que acalmou as crianças. Ele desligou a energia elétrica do prédio e retirou todos os alunos em conjunto com os demais professores.

De acordo com Margarete Smith, que é funcionária do colégio, foram feitas várias tentativas por telefone em busca de ajuda, porém mais uma vez, os serviços de emergência que deveriam auxiliar a população deixaram a desejar. “Logo quando o fogo começou liguei para o 190 para que o Corpo de Bombeiros fosse acionado, porém só fui atendida na quarta tentativa. Nas demais ninguém atendeu. Já no 0800 da CEA também ninguém atendeu”, afirmou Margarete. “Por sorte tenho uma cunhada que trabalha na CEA. Tive que ligar para o celular dela, para que ela mesma acionasse o serviço”, continuou a funcionária.

De acordo com informações de professores do colégio, as ligações para CEA e 190 foram realizadas às 11h10, porém os Bombeiros só chegaram ao local por volta de 12h30. Já a equipe da CEA foi aparecer às 12h45.

Mesmo chegando primeiro no local, a equipe do Corpo de Bombeiros não pôde fazer nada, pois o local ainda estava em chamas e era preciso que a CEA desligasse a corrente elétrica primeiro, o que foi feito somente após quase duas horas do ocorrido.

Uma senhora que mora em frente ao colégio informou que no último domingo uma equipe da CEA esteve no local trocando a fiação e os olhões do poste que foi incendiado.

Um eletricista que passava pelo local afirmou que se as chamas atingissem o transformador localizado logo acima do incêndio uma grande explosão seria inevitável.

Um dos funcionários do plantão da CEA informou que ocorrer esse tipo de curto circuito é tido como “normal” por conta das várias oscilações da rede elétrica. Ele foi além, disse que isso também pode ter acontecido por conta da “qualidade” dos materiais utilizados pela companhia.


Demora no

atendimento

A grande revolta de professores e alunos do colégio se deu por conta da demora da chegada dos Bombeiros e do plantão da CEA. Questionados sobre isso, os bombeiros informaram que a demora se dá no Ciodes. Eles afirmaram que as ligações são feitas para o 190 que depois encaminha as chamadas para o Corpo de bombeiros e que demorou foi isso.


Deficiência

Não é de hoje que as deficiências do setor elétrico, no Amapá, causam danos. A falta de investimentos, manutenção e recursos para a expansão da rede tem levado prejuízos não somente para a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), mas também para os consumidores amapaenses.

Hoje, o principal motivo das deficiências enfrentadas pela empresa pode ser traduzido em números: uma dívida de mais de R$ 1 bilhão com o setor elétrico.

Para termos uma ideia, nem mesmo os reajustes tarifários que são autorizados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) podem ser repassados aos consumidores amapaenses. Somente após o pagamento da dívida é que a CEA poderá reajustar o valor do consumo de energia, que atualmente tem uma perda de 47,92%.

O resultado de tais perdas é visível no Estado: a capital enfrentando quedas constantes de energia, apagões, incêndios causados por curtos-circuitos na fiação elétrica, municípios inteiros sem energia, enfrentando racionamento, entre outras situações dramáticas.


Incêndio

Um dos casos mais graves ocorrido ultimamente em Macapá, por conta do precário setor elétrico, deixou cinco famílias com suas casas destruídas por um incêndio.

Segundo os moradores, o curto-circuito poderia muito bem ter sido evitado se os técnicos da companhia tivessem feito o dever de casa. “O poste estava caído, chamamos a CEA, mas não fizeram o trabalho. Resultado: as casas pegaram fogo e perdemos tudo o que tínhamos”, comentou um dos chefes de família que teve a casa destruída pelo fogo, no bairro Araxá.


Situação

Hoje, o consumo elétrico de Macapá e Santana ficam na casa dos 200 megawats. Apenas 70 megawats consumidos são gerados pelas hidroelétricas.

O restante é produzido pelas termoelétricas localizadas em Santana, movidas a óleo diesel. Diariamente, o consumo bate a casa de um milhão de litros.

Por aqui dá para entender o porque dos municípios fronteiriços enfrentarem racionamento de energia quando o diesel não chega até às cidades, principalmente por conta das péssimas condições das estradas.


Solução

Entra governo e sai governo e a CEA continua na mesma situação crítica. Uma das soluções que muito vem sendo comentada é a federalização da empresa, voz quase unânime entre os políticos amapaenses.

Com as promessas do novo governo, a intenção é federalizar desde que o Executivo continue participando no controle da companhia. Enquanto a discussão não chega ao fim, o amapaense terá de enfrentar ainda muita dor de cabeça com o setor energético.

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